Um site de denúncias, uma organização de hackers espiões, um site de vazamento de documentos confidenciais ou tudo isso junto. Essas são todas denominações para o WikiLeaks, que em poucos anos passou de uma modesta fonte de denúncias a inimigo direto do governo dos Estados Unidos.
Esse livro traz a história do vazamento de dados que abalou gigantes econômicos mundiais, contada por dois jornalistas do jornal britânico The Guardian, que investigaram e acompanharam diretamente os fatos mais recentes ligados ao caso.
Criado pelo hacker australiano Julian Assange, o WikiLeaks é movido pela filosofia de defender a transparência dos atos institucionais. Por isso, publicações digitais (ou semidigitais) clandestinas que denunciavam algum tipo de abuso foram reveladas pelo site.
Durante muito tempo esses dados foram divulgados causando efeitos de visibilidade moderada no cenário mundial. A repercussão global veio quando a organização resolveu publicar documentos e vídeos contra o país mais poderoso do planeta no século: os atos ilegais e não-humanitários dos Estados Unidos nas guerras do Afeganistão e do Iraque.
Um dos pontapés iniciais para o crescimento da imagem do WikiLeaks em proporções globais foi o encontro de Assange com o jornalista Nick Davies do The Guardian, em 2010. O motivo do encontro foi o vazamento de inúmeros documentos diplomáticos e militares, que o jornalista queria transformar em um furo de reportagem e veicular em seu jornal para ter maior impacto.
O acordo foi firmado e assim surgiu a parceria entre três jornais, o hacker australiano e sua organização WikiLeaks.
O percurso da revelação desses segredos de Estado é o assunto desse livro, que narra todo o trajeto das publicações do vazamento de informações que impactou o mundo.
Além disso, o leitor terá acesso a um apêndice de telegramas diplomáticos americanos publicados originalmente pelo The Guardian, cuja fonte direta é o WikiLeaks.
Saborei alguns trechos:
“Depois de deixar Nairóbi, as ambições de Assange cresceram na escala e no potencial do WikiLeaks. Na companhia de outros hackers, ele desenvolveu uma filosofia de transparência. Ele e alguns colegas especialistas em tecnologia já vinham obtendo êxito em um dos objetivos: tornar o WikiLeaks virtualmente indestrutível e, portanto, a salvo de ataques legais ou cibernéticos de qualquer jurisdição ou fonte. Advogados, que recebiam somas exorbitantes para proteger a reputação de seus clientes e corporações ricos, admitiam – em tons mesclados de frustração e admiração – que o WikiLeaks era o único meio de comunicação do mundo que eles não podiam silenciar. Era muito ruim para os negócios”. (p.17)
“Graças a esse novo fenômeno de publicação, os juízes estavam tão confusos quanto as corporações globais. Numa audiência em março e 2009, a Suprema Corte, em Londres, decidiu que ninguém estava autorizado a imprimir documentos que revelassem as estratégias de evasão fiscal do Barclays – embora eles estivessem disponíveis para leitura no website do WikiLeaks. A decisão do juiz pareceu um pouco ridícula” (p.17)
Ouça aqui WikiLeaks: A Guerra de Julian Assange contra os Segredos de Estado